segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Vamos dar um tempo?



Visto por alguns como uma tentativa de acertar o passo e por outros como uma desculpa para terminar, essa tática sempre funciona. Não importa se o casal reata ou rompe, o fato é que ambos estarão conscientes de que fizeram a escolha correta.

PARA QUEM OUVE a frase fatídica, o primeiro sentimento é o de que se está partindo para a separação. Mas calma. Não há motivo para desespero se considerar que se trata de um momento para ambos reverem seus sentimentos. Será que você estava feliz de verdade? Muitas vezes essa atitude tem como princípio básico um período para pensar, refletir e evitar errar em uma decisão precipitada, que pode levar a danos irrecuperáveis no relacionamento e, conseqüentemente, a um grande arrependimento. Assim, pedir um tempo torna-se uma saída estratégica para colocar a cabeça no lugar, avaliar os próprios sentimentos e decidir o que se quer da vida. Longe da pressão do parceiro, os dois podem refletir melhor.

Acionando o cronômetro

Tenha em mente que dar um tempo sempre funciona para alguma coisa. Pode não resultar na continuidade do relacionamento, mas livra a alma de ansiedades, dúvidas e sofrimentos que não precisam fazer parte da sua vida. Muitas vezes, movidas por insegurança, medo da perda e ciúme doentio, vivemos num clima de total estresse e mágoa, que aos poucos vão destruindo a relação e criando questionamentos entre o casal quanto aos sentimentos existentes. É nessa hora que dar um tempo vira uma necessidade, que pode não incluir uma separação, mas sim um diálogo longo e sincero, no qual tudo o que está na cabeça e no coração deve ser colocado e debatido, com o objetivo de melhorar a situação, e não de iniciar uma guerra. O pedido demonstra um momento de pressão máxima do casal prestes a uma explosão, em que nem sempre o bom senso prevalece. Passada a tensão, a chance de cada um reconhecer o seu papel no relacionamento e de aceitá-Io é maior, dando um novo impulso de amor e aproximação. Claro que nem todo mundo precisa desse tempo. Alguns casais conseguem evoluir juntos naturalmente, mas em outros casos é necessário refletir e avaliar os objetivos a dois, o sexo e a afetividade. Esses três fatores formam um triângulo, que, segundo o psicólogo norte-americano Robert Stemberg, é o pilar de uma união. Quando o casal está em crise é porque um desses vértices não tem funcionado e, para o relacionamento durar, é preciso que pelo menos dois deles ainda existam. Por isso, não espere a situação desandar completamente para começar o processo de salvamento da sua relação.

Esperando o relógio avançar

Se o seu parceiro tomou a iniciativa da separação temporária, peça a ele, de um modo não agressivo, que explique os motivos desse pedido. Dessa forma abre-se uma linha de pensamentos e diálogos. Mudanças são necessárias para um recomeço. Pense no que gerou tantas mágoas. Não tente achar o culpado, mas sim a solução, com maneiras simples de reaproximação e de conversas. Mostre a sua intenção de mudar, e não de mudá-Io. As pessoas têm a tendência de querer transformar os seus parceiros dentro do que acham certo para eles, tirando a identidade do outro, que fica anulado, sem ação e sem criatividade. O caminho é árduo, mas pode levar a grandes reconciliações e a momentos felizes. Aproveite, também, para investir em si. É preciso ter consciência do seu potencial e procurar a própria individualidade. Desviar o foco do outro e se ocupar de atividades que tragam bem-estar e prazer para você. Esse é o começo para se fortalecer. Se presenteie com novas motivações, cuide do visual e melhore a auto-estima. Sair com as amigas e renovar o guarda-roupa é um bom começo. Ir para um spa é ótimo para conhecer pessoas e perder uns quilinhos.

Vale a pena?

Cada casal atravessa a turbulência de uma maneira diferente. É preciso compreender o pedido de tempo como algo produtivo para a relação. Nesse momento ambos irão avaliar as compatibilidades até chegar a um acordo comum. Se necessário, recorram a um terapeuta, que vai fazer uma comparação entre o início e o atual estado da relação, mostrando como é, como era e o que pode ser feito para dar continuidade a essa evolução.

Com a designer gráfica Fabiana Britto, de 27 anos, o processo foi doloroso, mas ela continua o namoro até hoje. "Nós estávamos juntos há dois anos e meio quando ele pediu um tempo por causa das nossas brigas e também dizendo que não queria um relacionamento sério. Na cabeça dele, a evolução da nossa relação era o casamento, idéia que o deixava em pânico." Ela ficou deprimida durante a separação, mas foi melhorando aos poucos, se reaproximando dos amigos que tinha deixado de lado, enfim, voltando a ter vida própria. "Percebi que havia colocado todas as minhas expectativas em cima do meu namorado. Vivia carente e por isso exigia que ele me completasse. Só quando nos separamos pude ver como estava me anulando e, assim, pesando na relação." Após dois meses eles voltaram a conversar. Fabiana explicou para o namorado que não havia a obrigação de casar, que eles estavam juntos porque se gostavam e decidiram reatar. "Agora conversamos bem mais sobre tudo o que não está nos agradando e entramos num consenso. Sinto que cresci ficando sozinha."

Em outros casos, a separação pode acabar sendo definitiva. A fisioterapeuta Alice Nogueira, de 26 anos, namorava há nove meses quando começou a ter problemas. Não chegou a brigar, mas sentiu a relação se desgastar e distanciar após o namorado passar por uma grande perda na família. "Ele não conseguia se recuperar. Eu vivia triste e insatisfeita com a situação e acho que ele também, pois sabia que não estava me fazendo feliz. Um dia sentamos para conversar e ele disse que precisava de um tempo para se recuperar e voltar a me tratar como eu merecia”, conta. Com medo de terminar o namoro, ela aceitou, mas não conseguiu encarar com tranqüilidade a espera. "Passava os dias aguardando uma ligação, um contato dele. Ficava me torturando, pensando se iríamos voltar ou não, se ele sentia minha falta, se estava saindo com outras pessoas." O pesadelo durou um mês, até que Alice o intimou a tomar uma posição. Ele disse que ainda não estava preparado para levar o namoro adiante e ela resolveu terminar tudo. Hoje Alice diz que não pretende repetir a experiência jamais: "Se as coisas não estão bem, não consigo ver como dar um tempo pode ajudar. Isso me parece mais uma desculpa de quem quer se separar e não tem coragem'.

Independentemente do final que a sua história terá, lembre-se de que o importante é não cruzar os braços. Siga sempre em frente na busca da sua felicidade, seja ela com seu atual par, com um futuro, ou sozinha - ainda que só por um tempo!

É hora de dar uma pausa quando:
.Vocês não se beijam mais ou só dão um selinho.
.O tempo sem sexo passa a ser calculado e vocês começam a encarar como algo obrigatório, perdendo a espontaneidade.
.Não existe mais interesse em discutir os problemas e procurar soluções.
.Um aceita tudo o que o outro faz e a indiferença começa a fazer parte do convívio, não só no campo sexual.
.A rotina toma conta do relacionamento.
.Vocês vão para a cama em horários diferentes para evitar uma possível relação sexual.
.O que antes era diálogo agora se transformou em discussões constantes.

POR DANIELA SALÚ Fonte: Revista UMAAno 05, 2004 nº 40

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