sexta-feira, 31 de julho de 2009

“Um orgasmo por dia mantém a saúde em dia”


Acordei hoje pensando em sexo!

Nada de anormal em relação a minha rotina, nunca tive vocação para freira e acho a coisa mais natural do mundo pensar e fazer sexo.

Venho de uma geração meio esquisita que ficou prensada entre a liberação sexual dos anos 70 e a falsa moralidade dos anos 80. Ser adolescente naquela época era difícil, penso que mais difícil do que qualquer outra época anterior, apesar de entender que as gerações anteriores a minha sofriam as repressões mais bizarras quanto a esse assunto.

Li um tempo atrás uma entrevista com a escritora chilena Isabel Allende onde ela contava que uma vez quando criança e ainda fazendo aulas de catecismo e preparando-se para a primeira comunhão, teve que se confessar. O padre então pergunta se ela tem o hábito de tocar o próprio corpo e ela em sua inocência pueril responde que sim. Foi rezar um terço inteiro sem entender porque era pecado tomar banho!

Isabel é de uma geração anterior a minha e por aí vocês conseguem imaginar como a coisa toda era. Então vieram os anos 70 com Woodstock e toda a ideologia hippie do “Faça amor, não faça guerra”. As possibilidades começaram a surgir, falar sobre fazer sexo tornou-se crucial para abrir as portas para novos comportamentos sociais, uma geração surgia disposta a fazer cair por terra o É Proibido Proibir (não me perguntem porque Caetano não faz mais composições viscerais como essa, pois me faço a mesma pergunta!).


Então chegaram os anos 80 e uma maldito retrocesso ocorreu. Na música tivemos o que Nelson Motta cunhou de B-Rock com as bandas mais preocupadas em vomitar toda a ira com a ditadura militar que findava-se em 85, de repente o importante era perguntar Que Pais é Esse! O tema sexo voltou a ser censurado mesmo que de forma velada, e quando surgia em uma manifestação musical possuía mais um caráter humorístico que mais divertia do que levava as pessoas a uma reflexão.

De lá pra cá o que observo é uma montanha russa em termos sociais, as gerações anos 90 e 2000 vem sendo arrastadas de um lado ao outro como se estivessem no meio de ondas gigantes em plena tempestade. A proliferação das igrejas evangélicas e a corrida desesperada da Igreja Católica para recuperar suas ovelhas criou uma contradição alarmante, essas instituições passaram a utilizar recursos considerados mundanos, principalmente na música, para atrair os jovens, temos desde padre bonito e sarado (Fábio de Melo) ao funk para Jesus. É o sagrado e o profano se misturando como não se vê desde a época do Império Romano!

O que temos hoje é uma postura dos jovens cada vez mais interessados em sexo desde cedo. Tenho um sobrinho de 13 anos que me bombardeia com perguntas das mais sacanas e acho isso ótimo! Não o privo de nenhuma resposta! Mas sei que sou uma exceção a regra. Pais, professores, e a sociedade em si ainda não sabem como lhe dar com esse comportamento cada vez mais prolífero e prefere fingir que não vê o que acontece muitas vezes literalmente, na cara deles! E aí reside o perigo, essas mentes jovens ignoram os cuidados mais básicos como o uso da camisinha e a procura por um ginecologista, o quadro de aumento de gravidez entre meninas na faixa dos 13 aos 18 anos é preocupante, assim como a incidência de DSTs.

E no meio disso tudo tive o prazer de ler essa semana que a Inglaterra saiu a frente com uma campanha fantástica! O Sistema de Saúde Nacional desenvolveu um documento para não só esclarecer as dúvidas dos adolescente, mas para incentiva-los a praticar sexo! O slogan da campanha “An Orgasm a Day Keeps the Doctor Away” que seria algo como “um orgasmo por dia, mantém a saúde em dia” vem dando o que falar de tão polêmico. Conforme o documento diz:

“Especialistas de saúde defendem cinco porções de frutas e vegetais por dia e 30 minutos de exercícios três vezes por semana. Que tal sexo ou masturbação duas vezes por semana?”

A proposta é fazer os jovens entenderem que não há nada de errado em exercer sua sexualidade e que isso aconteça de forma natural e por livre escolha. Que sirva de modelo para o resto do mundo!

Deixo aqui a minha colaboração ao tema: meninos e meninas divirtam-se, usem e abusem de todos os recursos para obter prazer, vocês tem tanto direito a ele como qualquer outro adulto, e é hipocrisia demais alardearem por aí que é a perda da inocência e blabla. Somos, antes de mais nada, animais e desde cedo desenvolvemos instintos bem básicos. E sexo é o mais basicão deles! Só não se esqueçam: Cuidem-se!

Por Dolphin
[Via New Scientist]

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