quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mulheres ainda são muito reprimidas sesualmente


Mulheres ainda são muito reprimidas, diz sexóloga Especialista alega que o casamento atrapalha a busca pelo prazer Mariana Vianna Conhecida por suas declarações polêmicas e pelo livro "A cama na varanda", best-seller que marcou uma geração, a sexóloga Regina Navarro Lins torce pela chegada do dia em que as mulheres vão conseguir fazer sexo sem compromisso sem ficarem inseguras no dia seguinte, como mostra uma pesquisa britânica recente.

E assim como o psicanalista Wilhelm Reich, ela acredita que os desejos sexuais reprimidos são fonte de uma série de insatisfações. Em entrevista, ela critica o casamento e afirma que devemos assumir que o tesão e a atração por pessoas variadas não acaba quando iniciamos um relacionamento exclusivo.

.Sexo é fundamental?

Sim, sem dúvida o sexo é fundamental para a felicidade do indivíduo e do casal. O orgasmo é o maior prazer físico que podemos experimentar. Uma das teorias do psicanalista Wilhelm Reich é a de que a energia orgástica tem que fluir de forma livre. Se for bloqueada, cria as neuroses, a insatisfação e as enfermidades psíquicas.
Além do bem que faz para a saúde, o sexo também é fundamental para o bem-estar emocional. O problema é que as pessoas fazem menos sexo do que gostariam, e poucas são aquelas que se satisfazem realmente com o ato sexual. Se o sexo é tão fundamental como as pesquisas mostram, acho que o prazer sexual deveria entrar na pauta da saúde pública.


As pessoas ainda têm dificuldade de se satisfazer sexualmente?

O sexo ainda é visto como uma coisa suja, feia, vergonhosa. Está associado ao pecado e a culpa. Já reparou que todos os palavrões fazem referências sexuais? As pessoas ainda encaram o sexo de um jeito contido, têm medo de se soltar. As mulheres sofrem muito mais com isso, já que são educadas para pensar que sexo deve sempre está ligado ao amor.



Isto não está mudando?

Mesmo com toda a informação disponível, elas ainda são muito reprimidas. As mulheres, principalmente aquelas que já passaram dos 45 anos, estão em desvantagem. Hoje, por causa da reposição hormonal, elas até têm vontade de fazer sexo, mas vários fatores acabam impedindo que elas se satisfaçam realmente.


As mulheres, como um todo, são muito prejudicadas pela educação judaico-cristã que recebemos, assim como a visão patriarcal que enraizou o pensamento de que o sexo é algo sujo ou que leva à culpa.


Qual o maior obstáculo para o prazer feminino?

Acho que estamos em um momento de profunda transformação, mas é claro que o preconceito ainda existe. O número de mulheres que quer corresponder às expectativas masculinas é enorme, assim como a quantidade delas que não consegue atingir o orgasmo.

Existe um grande desencontro sexual por causa de preconceitos e cobranças culturais. O casamento, por exemplo, é o mais óbvio dos erros.




Por que diz isso?

O sexo acaba no casamento. Primeiro pelos motivos mais óbvios: o excesso de intimidade e a rotina burocrática. Mas acredito que a exigência de exclusividade é o que acaba com a sedução neste tipo de relação. A exclusividade leva a uma dependência emocional, a uma simbiose parecida com que as mães têm com seus filhos. Não há tesão que resista.

O que meu marido faz longe de mim não me diz respeito. Não é porque você sabe tudo que seu parceiro está fazendo que aquela relação está garantida. Quando um casamento acaba é que percebemos o quanto o contrato de exclusividade não vale nada. A dependência acaba com a sedução e um pouco de insegurança é necessário para manter o outro interessado.

A relação pode sobreviver a uma traição?

Acho que uma das maiores mentiras é a de que uma traição é sinal de que uma relação não vai bem. É natural do ser humano gostar e querer variedade. É perfeitamente possível sentir tesão por mais de uma pessoa ao mesmo tempo, assim como amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. O que você sente por um não exclui o que você sente pelo outro. Não é porque estamos em uma relação que deixamos de sentir tesão quando vemos alguém atraente.

AGÊNCIA O GLOBO Entrevista - Regina Navarro Lins, sexóloga



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