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Em geral, homem e mulher iniciam uma união conhecendo pouco de si e desconhecendo o outro. Unem-se a personagens, não a pessoas. Assim, logo vêm as decepções. Um não suporta o fato de o outro não ser o que idealizava. O remédio para isso chama-se aceitação. Se fossem também amigos, o que é perfeitamente possível, seriam mais tolerantes e poderiam ser bem mais felizes.Alberto Lima Um homem e uma mulher podem ser parceiros amorosos e amigos. A amizade não é incompatível com o amor. A afirmação certamente suscita uma dúvida sobre o que tão facilmente ocorre com uma relação amorosa para impedi-la de ser também amizade. A razão é esta: o terrível veneno que inviabiliza a amizade entre amantes é a crítica.
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Já um casal, em especial se as pessoas são imaturas, as percepções sobre o outro são logo alinhavadas com um julgamento, veredicto e condenação. Uma atitude desse porte instala no âmago da união uma perigosa assimetria, uma vez que o pólo julgador se imbui de um poder com o qual desqualifica e inferioriza o outro, inviabilizando a amizade entre eles. A continuação do drama em geral é previsível: ofendido ou ferido, o inferiorizado reage à agressão erguendo-se poderosamente e, invertendo o jogo de dominação, ataca o agressor. Esses mútuos gestos de desabono corroem a alegria do convívio.
O surgimento da crítica, do julgamento e da desqualificação entre um casal talvez se deva à imaturidade: homem e mulher adentram um casamento pouco atentos às qualidades da relação interpessoal e à realidade da pessoa que cada um é, ou seja, autoconhecimento rudimentar e desconhecimento do outro; unem-se não a pessoas, mas a personagens, isto é, compelem seus parceiros a ocupar um lugar no drama de suas vidas, submetendo-os a um contrato de casamento redigido com letras miúdas, invisíveis para quem assina e inconscientes até para quem propõe. E há de se convir que existe reciprocidade nesse jogo inconsciente. Pronto, está estabelecido o fundamento para a crítica. Se você não corresponde ao que eu quero, ou seja, se não profere o texto inerente ao script que eu lhe atribuo, tenho motivos para desqualificá-lo, pois sou uma autoridade em sua vida. Como você se atreve a não corresponder às minhas expectativas? Como pode falhar em igualar-se à minha idealização?
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O remédio para essa encrenca é aceitação.
http://www.caras.com.brAlberto Lima, psicoterapeuta de orientação junguiana, é professor-doutor em Psicologia Clínica .
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