terça-feira, 23 de junho de 2009

Relações.... amorosas, sexuais, casamento, mitos....!



Perguntam-me muito (em consultório ou não) se existe um modelo de casamento ou uma receita de um bom relacionamento amoroso ou sexual...As pessoas querem sempre ter a certeza de que ter vínculos amorosos implica em intenções de permanência da relação. A procura incansável do ser humano, é a busca pela permanência e pela estabilidade dos vínculos amorosos. Costumo dizer que a estabilidade das relações é a morte delas.Existem fases cíclicas do casamento / relacionamento: o casal enfrenta a vitalidade e a esperança dos 20 e pouco anos que logo depois serão substituídas pelas ambições e esforços dos 30, conseqüentemente, dão lugar às frustrações e desencantos dos 40. No entanto, em todas as fases se encontra a beleza e delícia de estar junto quando se ama.Existe um mito de que o casamento tornaria ou tem por objetivo fazer com que as pessoas se sintam mais felizes, e pra completar... “exigem” que seja para sempre. Mas, o que seria o “para sempre”? Casamento e relações de uma forma geral, dão certo sim, e não é como muitos por aí pregam ou acreditam.... uma instituição falida! Falência é pra quem não tem competência de lidar com as armadilhas, ilusões e desilusões que toda “sociedade” requer.

- Simmm! Eu falei Sociedade, no sentido de contrato!. Pois é isso que todo casamento e/ou relação o é. Estabelecemos um “contrato” com o outro.Viver momentos de felicidade numa relação amorosa é extremamente viável e possível, desde que se consiga ceder às fantasias de perfeição e de completitude que ficam registradas inconscientemente nas lembranças do modelo primário de casamento.Existe o ditado que fala: “casamento, quem ta dentro quer sair... quem ta fora quer estar dentro”. Ou algo parecido. No entanto, até hoje, não enxergo nada melhor e mais funcional para se enfrentar desafios e adversidades da vida e do dia-a-dia, do que se estabelecer vínculos amorosos com pessoas que tenham objetivos em comum com agente. É duro, mas é pra ser reconhecido que no fundo do nosso inconsciente, buscamos ainda essa parceria, incansavelmente. Casar é muito bom, mas eu sou suspeita em falar isso ! rsrsrsrsr!

Por traz de vários mitos da história, encontramos hoje o que chamamos de mito da liberdade. Já contava a história do Barba Azul, super conhecida, uma relação de amor e confiança, onde um dia o Barba Azul confiou a sua Bela esposa uma chave onde abriria uma porta onde jamais ela deveria abrir. Ela quebrou as regras e a abriu. Com isso, como toda (ou quase) quebra de regras, o flagrante acontece. E a confiança do marido na esposa se esvai. Por maior que seja a intimidade entre o casal, sempre irá existir uma “porta fechada”, que guardará as marcas da história de cada um – e que eu aconselho (do meu jeito psicológico de ser) que não seja aberta! Cada um de nós tem histórias passadas e próprias. Nos serve de experiência e parâmetro pra novas histórias a serem construídas.

Uma das qualidades mais especiais que temos, é a capacidade de resiliência. Ou seja, temos a condição de nos (re) construirmos após passarmos por quebras e deformações. A história mítica de que relação amorosa é igual a cristal e que não pode ser quebrado... vai depender da flexibilidade emocional de cada um. Pois como falei anteriormente, todos temos um alto grau de resiliência! Vamos usufruir dela!Trabalhar com os seres humanos, e mais ainda com a emoção deles é de fato apaixonante. Cada vez mais vejo o quanto a psiquê humana é dúbia, pois se de um lado precisa sentir-se acompanhado ou acalentado e protegido, o outro clama, implora pela liberdade e pela privacidade, pela “solidão”. A necessidade de “solidão” do ser humano dar-se pelo entendimento inconsciente de que a frustração faz parte de nossas vidas.

- Frustração faz parte? - Sim! Pois, é a presença da frustração que nos faz sentirmos “não completos”, ou seja, ter uma vivência permanente de plenitude ou de completude seria uma sensação parecida com a morte. Isto é, a estabilidade total que falei anteriormente....seria a morte das relações. O estar vivo significa modificar-se continuamente, não ser igual dia após dia. Estarmos em constante evolução.O casamento vale a pena ... formar vínculos vale a pena... Mas precisamos recriar os modelos ...tanto do casamento quanto dos vínculos!Amar vale sempre e muito a pena!

Karina Simões C. Marques Pucci

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